Esta autobiografia desperta para o presente uma história que até então permanecia adormecida no cômodo mais íntimo da minha mente.
Saído deste refúgio, exponho ao leitor o que permanecia guardado para Deus.
Faço valer o que me é exigido pelo sentimento de amor, acreditando que, plantada a semente em solo fértil, a árvore nasça e cresça bem enraizada. Que em suas folhas não parasite pragas, e que os espinhos ensinem a prudência e os limites, não interferindo quando, ao construírem os ninhos nos galhos, os passarinhos através dos seus cantos revelem a gratidão pela hospedagem. Que suas flores com beleza e perfume possam servir o néctar às abelhas que irão produzir o líquido doce para o sentido do paladar, e que seus frutos maduros aplaquem a fome. Que sua sombra propicie aos que estão embaixo dela o abrigo. E que o céu acima de ora pro nobis envie o orvalho da noite estrelada e, mesmo entre nuvens, a luz do sol e a chuva vital.