A coletânea reúne oito contos com histórias de réis, no sentido de inventadas e reais, pautadas na memória do autor, revestidas pela áurea da ficção. Tratando-se de contos modernos, pode ser que a inteiração das vozes do narrador e dos personagens faça com que algum leitor encontre dificuldades na busca de compreensão dos propósitos do autor. É. Pode ser que alguns se percam no labirinto de efeitos e de recursos literários usados como peças de jogo de montar que só depois de achadas e colocadas no lugar certo, revelam uma imagem pronta e acabada, reconhecível. Tal ocorre por que são os personagens que traçam os detalhes dos textos e não apenas o narrador, narrador e personagens desenvolvem as histórias juntos. A narrativa sai do domínio do autor para o comando das personagens. E assim, como os textos vão se formando sob a perspectivas e visão dos personagens, quiçá, supervisionados por um narrador oculto que apenas organiza o conteúdo, pode ser que, à primeira vista, o livro pareça um esboço a requerer cuidados que não foram dispensados pelo autor, o que faz com que se pense ter às mãos textos não definitivos.