O santo e o sagrado não são sinônimos, do ponto de vista teológico. Quem nos faz esta diferenciação são estudiosos como o luterano Rudolf Otto, em sua obra "O sagrado: aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional". Assim, diferencia Otto, o Santo é inatingível. O sagrado, por sua vez, é sentido e experimentado através de espaços e celebrações que realizamos por meio da religião. Por este motivo, podemos afirmar que há lugares sagrados, mas jamais santos, porque esta é uma qualidade que pertence apenas ao ETERNO. Todavia, para o Cristianismo, sagrado e Santo, são sentidos na Liturgia, pois Cristo ora em nós, por nós e através de nós. Desta forma, o Santo transforma o nosso sagrado, o toma, o possui. Isto ocorre porque Cristo, Orante do Pai, vindo ao mundo para comunicar aos homens a vida divina, o Verbo que procede do Pai como esplendor da sua glória. introduz nesta terra de exílio o hino que eternamente se canta no Céu. Desde aquele momento, ressoa no coração de Cristo o louvor divino expresso em termos humanos de adoração, propiciação e intercessão. E tudo isto Ele apresenta ao Pai, como Cabeça da nova humanidade, Mediador entre Deus e os homens, em nome de todos, para benefício de todos. A Igreja orante é santa e sagrada, unindo a Igreja militante com a Jerusalém Celeste. Neste sentido, os Salmos, patrimônio da Liturgia Judaica, era utilizada no tempo de Jesus como manifestação sagrada, como maneira de sentir o Santo. A Igreja, desde os tempos primevos, sempre orientou a seus filhos que mantivessem este salutar hábito de santificar o tempo humano "kronos", orando ao Filho de Deus, experimentando o "kairós" (tempo da Graça) Nossa Igreja, como herdeira desta Tradição, não poderia se fazer calar. Por este motivo, o presente trabalho deseja ser direcionado para nossas comunidades, adaptado é claro às demandas do homem pós moderno. Neste diapasão, devem os clérigos e demais agentes de Liturgia, incentivarem o uso do Ofício Divino, mas de acordo com a realidade local. Esperamos que a Igreja, com suas experiências locais diocesanas, possa acrescentar ao presente trabalho mais de sua espiritualidade, a fim de que seja a verdadeira expressão da liturgia "icabense"