Toda matéria física do mundo poucas vezes consegue ser suficiente. O enxergar genuíno – ou ao menos cru e atento – envolve sempre além: envolve a percepção aguçada daqueles que conseguem sentir e questionar cada detalhe dos conflitos que abarcam a existência humana, em conjunto com todo o fardo melancólico da sua sensibilidade.
Cada palavra de Igor Souza se costura em um conjunto de pensamentos inquietos que gritam e escancaram sua essência perturbadoramente poética e reflexiva. Sob influências da filosofia existencialista e das obras de Friedrich Nietzsche, o autor mostra-se, logo no início de suas criações, extremamente envolto pela literatura de análise da melancolia existente no ser, refletindo de forma nítida suas influências filosóficas e antropológicas na construção de seus enredos e reflexões.
Em sua obra de estreia, O Vazio, a reunião de contos é capaz de apresentar, em suas frases e fragmentos, diversos degraus que descem em busca do cerne da existência humana e do silêncio que neles pode ser encontrado. Seus personagens, vivenciando e observando diferentes realidades, compartilham da contemplação do vazio que envolve a vida dos humanos desde o nascimento de seus primeiros pensamentos e convívios em sociedade, envolvendo aspectos da própria biografia e psique do autor.
Construído em paisagens e tempos distintos, a obra representa uma exposição dos inúmeros contextos de alma e de sociedade humana que são envolvidos pela dor e pelo fardo de se existir e de se estar presente no mundo, sendo estruturados de forma brilhante pelas linhas traçadas por um coração melancolicamente imenso de um autor em extraordinário desabroche.