"Tudo aquilo que havia sido grande e importante na sua vida parecia estar se desmontando de uma só vez. Desmoronaram os violinos! Caíram-lhe aos pés os momentos felizes de grandes interpretações musicais! Nuno ouvia agora palmas. Palmas que se confundiam com o bater das asas das trocais que sussurravam cantos roucos nos galhos sobre sua cabeça presa ao tronco. As mesmas trocais, essa pombas do mato, grandes e malhadas, que comiam pequenas sementes caídas a sua volta. Elas eram muitas, estavam livres e podiam voar batendo as asas como se fossem palmas para Nuno Barrada. O mundo era grande para ele, mas tornava-se profundo e obscuro, diante das alucinações e da fatalidade de sentir sua vida, tão pequena e frágil, apagar-se ante a sua fragorosa vontade de viver."
Trecho de O Último violino
Personagens históricos reais fazem parte de uma trama de ficção sem, porém, deixar de serem mantidos os seus importantes papéis, cujos registros os tornaram figuras fundamentais no processo de colonização e de desenvolvimento da nova nação que surgia na América do Sul.
Em meados do século XVIII, a nova colônia portuguesa, Brasil, se tornou a maior produtora de ouro entre todos os continentes, estimulando o povoamento rápido e desordenado. O romance O Último Violino mostra a vida da época com suas dificuldades, suas fortunas, sua cultura e, acima de tudo, o comportamento típico, alegre e descontraído que passou a ser característica de uma nova nação que lutava, mesmo diante de uma escravidão já consolidada, para se fortalecer e se estabelecer definitivamente dentro do contexto mundial.