Nas comunidades primitivas, as crianças e os jovens aprendiam todas as atividades (coleta, caça, pesca, plantio etc.) ao seguir um adulto, que lhe serviria de modelo. Na Antiguidade, essa relação dava-se entre o mestre e seu discípulo — modelo educacional, que, inclusive, perdurou por muito tempo. As retomadas dos acontecimentos do passado são, portanto, essenciais para os professores da atualidade desenvolverem e saberem criticar sua(s) didática(s) em sala de aula. É por isso que Gilberto Luiz Alves escreveu o livro, lançado pela Editora Autores Associados, O trabalho didático na escola moderna.
A obra apresenta o passado do trabalho didático de modo aprofundado. Analisa os estudos dos gregos e romanos e seus respectivos interesses de estudo (os heróis e valores fundamentais da cultura grega e latina, expressas nas tão estudadas Ilíada, Odisséia e Eneida), a escolástica da época medieval, inclusive ilustrada pelos diálogos filosóficos de Santo Agostinho e Adeodato e das instigantes conversas entre Pepino, filho de Carlos Magno, e seu mestre Alcino (A: O que é que é e não é? / P: O nada / A: E como pode ser e não ser? / P: É enquanto palavra; não é enquanto realidade), o modelo escolar de Abelardo e do período renascentista em geral (Erasmo de Rotterdam, o ensino jesuítico entre outros) até chegar no que mais dá origem à nossa escola moderna: um ensino não mais voltado para uma única pessoa, mas para o coletivo.
Comenius, nesse sentido, com sua Didática Magna, atendeu muito bem o ideal da Contra-Reforma de expandir o catolicismo com uma "educação para todos". Assim surge a escola moderna, já com as pretensões de atender a determinadas correntes, inclusive já do surgimento da organização burguesa. Por fim, Alves chega ao apogeu do livro mostrando os cuidados do professor quanto ao trabalho didático, pois a manipulação dos conteúdos a serem ensinados seguiu determinadas ideologias e isso é uma influência muito grande nos aprendizes, como mostra a nossa história.