Dividido entre possibilitar ao jovem o ingresso para o mundo do trabalho e a entrada para a educação superior, o ensino médio no Brasil é um campo sobre o qual ainda não há consenso entre os especialistas em relação ao modelo a seguir. Na tentativa de prover um caminho que atenda à constante mudança social e política em que vivemos, bem como ofereça aos jovens possibilidades educativas significativas que os auxiliem em sua caminhada num mundo em transformação, as reformas desse etapa da educação acabam, muitas vezes, por submeter seus sujeitos, alunos e professores, a trajetórias curriculares reducionistas e mutiladoras.
O presente estudo originou-se da constatação de que a penúltima reforma do ensino médio, ocorrida no final dos anos 90, possuía esse caráter redutor no que tange ao campo do ensino de literatura, em que os textos literários serviam mais ao propósito de ensinar gramática da língua portuguesa e questões históricas, de modo que a literatura, como componente curricular, foi quase extinta do currículo do ensino médio. No entanto, esse não é um processo pronto e imediato. A transição de uma política pública educacional, muitas vezes decidida em gabinetes, até chegar na sala de aula é complexa e variável. Verificar com essa transição ocorre e o papel dos professores nesse processo foi o objetivo da pesquisa que ora se materializa em uma obra que busca ajudar outros estudiosos a compreender o tema do ensino de literatura na etapa final da educação básica.