O desafio de voltar a um lugar onde se foi feliz, passada uma década, é também o resgate de memórias e o despertar de uma nostalgia que podem ser agridoces. O protagonista aqui é Felipe, um antropólogo e escritor frustrado de trinta e poucos anos que retorna a Montevidéu com o pretexto de um congresso acadêmico, mas que se depara com uma vida que ficou suspensa ao longo do tempo passado. Em 'O tempo não havia passado para as crianças', o romancista Thiago Castanho constrói um romance no ritmo de um cotidiano de viagem, com doses equivalentes de humor ácido e melancolia, em que o personagem percorre e se perde nos caminhos da capital uruguaia como um cronista, lidando com as questões de quem chegou à vida adulta em um mundo tumultuado, no qual as expectativas boas de anos atrás não se confirmaram. Entre encontros e desencontros, novas amizades, remédios "tarja preta" e a lembrança de um amor passado, Felipe representa, através dessa viagem, a geração de quem hoje chega aos trinta com a frustração e a decepção de não se enquadrar em um projeto feito no início da juventude, quando a vida e o tempo parecem infinitos.