Compreender por meio da relação entre trabalho e tempo de não trabalho, o que os Sem Terra fazem no seu tempo de não trabalho, constituiu-se o objetivo deste estudo. A discussão envolve um assentamento agroecológico e coletivo no município de Santa Maria, onde convivemos na realização das entrevistas e observações, que serviram como aportes para o estudo. Embora não existam conclusões fechadas a respeito do tema focado na pesquisa, procuramos expor algumas considerações, para que o Movimento possa encaminhar as questões que envolvem o tempo de não trabalho, já que não tem conseguido sistematiza-las na prática social. Os assentados demonstraram que sentem necessidade de discutir, mas encontraram dificuldades e pararam nelas. Acreditamos na formação constante que já vem sendo feita por parte do MST, por isso afirmamos, também, que é preciso publicar o que já existe e está sendo feito. Na visão de projeto de uma outra ordem social, uma nova sociedade, socialista como defende o MST, há que se superar as situações de exclusão, preconceitos e diferenças de oportunidades entre homens e mulheres, dentro do movimento e que já foram superadas várias dessas barreiras. Agora é preciso também discutir como isso acontece em relação a apropriação do tempo livre no tempo de não trabalho. É preciso perceber que tempo de não trabalho é tão importante quanto o tempo de trabalho na organização dos tempos e espaços sociais dos assentamentos.