Só deserto e um sol escaldante. A garganta ressequida, já não pedia mais água. Os olhos enevoados, tentando enxergar dentre as tremulas ondulações de ar quente, enquanto a consciência, a beira do derradeiro colapso se apegava como podia às lembranças que tiveram definitivamente algum significado. Uma voz, não se sabe se vinda dos confins do deserto ou das profundas da mente, em som gutural perguntava sem parar: "Estás preparado para encarar a verdade? Pois é com ela que seguirás o resto do caminho. Seu premio? Ao fim da jornada se confrontará com o Senhor das Emoções". Não restavam alternativas. Preparado ou não, estava num ponto sem volta. A missão se escancarava a frente, como uma trilha que se impunha entre escarpas. As paredes altas e íngremes, como soldados perfilados e inertes, a postos para impedir qualquer tentativa de fuga. Éramos somente eu e minhas palavras que prevaleceriam à morte, como mensageiras do vento. Palavras que, como