Às vésperas do Carnaval, o Galo da Madrugada desaparece. O rapto do símbolo do bloco pernambucano, que arrasta mais de dois milhões de pessoas todos os anos pelas ruas do Recife, é o ponto de partida para a preciosa homenagem de Fabiana Karla ao folclore de sua terra natal. Em sua estreia na literatura, a atriz e comediante compõe um cordel contemporâneo enriquecido com as xilogravuras e os retalhos de chita de Rosinha, premiada ilustradora, também pernambucana, vencedora do Prêmio Jabuti.
Após o sumiço do Galo na Ponte Duarte Coelho, o Momo se recusa a abrir o Carnaval. Mesmo com as ruas enfeitadas, o povo fantasiado e o frevo tocando, a festa é suspensa. Todos se juntam para procurá-lo. O cortejo do Maracatu vai a Olinda falar com o Homem da Meia-Noite e a Mulher do Dia, e passa por Caruaru para colher mais informações com os bonecos de barro do mestre Vitalino. Com medo do Papa-Figo, os Caboclos de Lança pensam em desistir. Até que o Cirandeiro tem um plano infalível.
Com a mesma leveza e o humor que caracterizam seu trabalho como atriz, Fabiana Karla recupera a tradição oral nordestina e transporta os pequenos leitores para um delicioso desfile de personagens e cores. Ao som do coco, da ciranda e do frevo Vassourinhas, O rapto do Galo apresenta as histórias que Fabiana ouviu da avó, Zulmira, e a riqueza do folclore pernambucano, dissecado em um glossário sobre ritmos, artistas e costumes populares.