Um "bom" professor de Português é aquele que "conhece gramática"? É o professor que, além de dominar a língua, "explica bem"? Ou aquele que sabe relacionar o conteúdo à realidade dos alunos? É essencial, ainda, que o professor saiba se relacionar com os alunos? Afinal, é possível identificar as características que compõem o perfil de um "bom" professor de Português?
Considerando o papel central que o profissional do ensino exerce nos processos de educação formal em sociedade, as expectativas construídas em torno do seu desempenho são múltiplas e variadas, constituindo representações sociais que se tornam objetos de grande relevância para as pessoas em geral. Em especial no caso dos licenciandos e licenciados em Letras, é válido se perguntar como constroem as representações sociais sobre o "bom" professor de sua área e como isso afeta seu processo de formação e construção identitária profissional. O livro O que faz um "bom" professor de Português? lança um olhar sobre o tema, pela ótica de alunos e egressos do curso de Letras Língua Portuguesa da maior universidade pública da Amazônia, inseridos no contexto específico de sua interiorização.
Ao direcionar seu olhar para o ensino superior, a obra contribui para desvelar um campo ainda pouco explorado na vasta literatura que se debruça sobre o professor, voltada em grande medida para a educação básica. Além disso, o livro dá voz a estudantes e egressos, destacando, assim, a centralidade de seu papel no processo de ensino e aprendizagem, especialmente quando enfocamos a formação docente inicial, momento em que são preparados, formal e institucionalmente, para se tornarem professores e professoras, sob a tutela de uma instituição formadora.
É uma obra para professores e professoras, da educação básica até o ensino superior, sejam docentes experimentados ou iniciantes, sejam formandos ou formadores, não porque forneça uma lista com as características intrínsecas ao "bom" professor de Português, que, se aprendidas e seguidas, ajudariam a resolver os muitos desafios com que se deparam cotidianamente os homens e mulheres que assumiram o complexo ofício de ensinar como profissão, mas porque auxilia a (re)pensar práticas e saberes, a (re)construir identidades.