Antropofagia, poesia ou estratégia? - pergunta Sílvio Meira. Imagina um poema de quase 90 páginas. Um poema concreto, metido a besta, que um dia resolveu falar sobre estratégia. E até conseguiu, para certeza dos bons entendedores. Mas como "toda estratégia depende da coerência das aspirações, habilidade da gestão e paixão na execução", não é só estratégia. Complicou: agora é sertão. Quando entra paixão, muda de figura, muda o contexto, transforma-se. Neste livro de não-poema concreto, Sílvio Meira consegue extrair, do vasto conhecimento de mundo que lhe é próprio, natural, uma teoria sobre negócios e processos. Mas é pura estratégia. No fundo e no raso, Sílvio quer é fazer poesia. Porque poesia é isso: nasce no real, distrai a gente no sonho e volta ao real, em blocos de nuvem e trânsito. E nesta engenharia urbana, social e literária que Dom Sílvio Meira engendrou no imenso "O que é Estratégia", as janelas se abrem para todos os campos do conhecimento, inclusive, para os negócios. Inclusive para as soluções empresariais, gerenciais, formais e conceituais. Aí mora o gato e seu pulo: as frases e as palavras do livro são pedras brutas em processo de ourivesaria. Elas dependem do outro, da atitude do outro, da voz do outro para serem lapidadas. Não há voz autoritária, dirigida e monitorada neste livro. Há a voz da filosofia, a casa da pergunta, indagando: onde está a sua estratégia? Decifra-me, ou te devoro. Melhor decifrar. A coisa aí é bem antropofágica.