Este livro conta a história de uma família judaica que é dramaticamente obrigada a fugir da Rússia, no século XIX, e emigrar para o sul do Brasil, onde passa a viver de maneira "invisível" em uma fazenda de criação de gado. A natureza e os personagens desta família – e suas memórias – se entrelaçam com dois personagens da fauna: o leão-baio – puma – e a gralha-azul. Tudo é tão verdadeiro que em alguns momentos é possível se confundirem: quando a narrativa é história real, com aqueles momentos em que a narrativa é apenas ficção, presente nas vidas dos personagens. A complexidade da narrativa acentua a dramática história da família Hertzberg, justificando o título do livro como uma saga que é histórica, envolvendo preconceitos e perseguições sofridas pelos judeus, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. O enredo se desenvolve em vários níveis de ficção e realidade, entremeado de elementos da fauna, da flora, da presença humana, e de cenários que se entrelaçam em beleza, sofrimentos, felicidade, paz e perplexidades. Em alguns momentos, o Autor humaniza os símbolos da fauna e da flora – como o leão-baio, a gralha-azul e os pinheirais das coxilhas – atribuindo-lhes pensamentos, sentimentos e comportamentos! Os cenários são lindamente descritos, plenos de poesia, influenciando sentimentos dos personagens que, diante da vastidão e beleza da região, como que se igualam na busca de uma convivência tão pacífica quanto a natureza sugere. A trama narrativa encanta, prende e surpreende! É um belo romance, no estilo Realismo Fantástico – ficção sobre realidade. Aliás, as descrições das belezas da natureza e da família envolvida, do leão-baio e das gralhas-azuis, são dignas de passarem às telas cinematográficas! O livro é notável em qualidade literária e em relato histórico! É um livro daqueles que possuem múltiplas interpretações, como deve ser toda narrativa de valor.