Como diz Dênis Petuco, a partir de uma afirmação compartilhada por Pierre Bourdieu e Gabriel Tarde, "se existir é diferir, é pela afirmação da diferença que a RD ocupa seu espaço". Ainda que o autor nos possibilite considerar que a RD tenha sido uma dentre outras "inovações técnicas e éticas no campo e nos discursos constituídos em torno do cuidado dirigido a pessoas que usam álcool e outras drogas, no Brasil", destaca seu lugar na promoção de uma reconfiguração das lutas e reposicionamento de agentes desse processo, principalmente gerado pelo encontro frutífero com o movimento antimanicomial. Por fim, quero lhes dizer que, inicialmente, pensava em escrever uma carta de apresentação para tornar mais próximo meu diálogo com quem já já iniciará leitura. Contudo, percebi que "não é fácil escrever uma carta", já nos lembra a Glória Anzaldua. Escrever uma carta apresentação para O pomo da discórdia? não foi tarefa possível, entre outros motivos, pelas afetações que o livro provocou em mim e pela admiração que tenho pela trajetória do autor e companheiro de lutas (e conquistas) em cenários de controvérsias, apontados em tantas páginas do livro. Autor agente que contribuiu e contribui, efetivamente, para posicionar a RD no lugar de diferença, produzindo deslocamentos inclusive nesse campo dos experts legitimados academicamente a falar sobre o tema.
Maristela de Melo Moraes
Professora adjunta do curso de Psicologia da
Universidade Federal de Campina Grande