<p><strong>O romance de estreia de Diogo Santiago</strong></p>
<p>Num ácido retrato da elite cultural brasileira e do mundo de empregados e pequenos comerciantes que a circundam, seguimos, bem-humorados, Jurema.</p>
<p>Jurema, herdeira de trinta e poucos anos, arquivista numa capital litorânea; entusiasta e agitada panfletária revolucionária cujo estranho raciocínio se atem tanto no fenômeno atual da obesidade, na diversidade insondável da fauna, na precisão problemática das palavras, na intrigante moda da barba, quanto na eterna riqueza da sabedoria popular.</p>
<p>Entre festividade e intimidade, fofoca e ruminações, assistimos ao fim de sua amizade com Gregório, feliz editor incompetente ocupado pela organização do lançamento de seu último livro. Vemos como, no borbulhar do seu pensamento, em alguns dias se trava uma épica e burlesca batalha contra a impostura intelectual... até que sua revolta ache reação à altura...</p>
<p>"— Minhas amigas, atentai! Distraídos estão os senadores, encantados os banqueiros, embriagados os generais. Junto com o tamanco, jogaremos a língua nas engrenagens dessa opulência pueril! Durante um cochilo, ouvi a voz de Mãe Sátira, que me dizia: — Jurema, ordeno-te que pares de hesitar. Fazes parte das mulheres preparadas para o combate do verbo que levará à revolução retórica."</p>