Avisaram-me que a ternura se encontra sob ameaça de morte. Disseram-me
que o afeto está moribundo. Comunicaram-me que o amor foi colocado num
jazigo. Mas eu me apego à poesia ferida e cambaleante. Entrego meu ombro
para que ela se escore trôpega. Enveredo-me com ela pelo caminho único,
esburacado, enlameado e pedregoso. Ora arrasto-a, ora me arrasta ela. A
jornada é infinda, mas ao cabo de tudo, o mais importante é que a poesia
permaneça imorredoura. O pó e o tempo é tudo isso revestido em pátina.