Este livro resulta da reflexão sistemática do autor ao longo de duas décadas de ensino e pesquisa na área de Epistemologia, Método Comparativo e Metodologia Política. A obra pretende estimular a reflexão metodológica de estudantes de graduação e pós-graduação nas universidades brasileiras considerada como condição necessária para o desenvolvimento de uma Ciência Política de maior qualidade no país.
A motivação básica do livro é ir além de uma obra típica de metodologia, usualmente centrada em regras e procedimentos, e dar um passo adiante para compreender como um conjunto substantivo de transformações metodológicas desencadeadas na disciplina desde meados dos anos 90 – conhecida como revolução de credibilidade – afetou as lógicas de produção do conhecimento na ciência política, tornando-a radicalmente diferenciada de outros campos canônicos das ciências sociais como a economia e sociologia. A ciência política continua a ter forte interesse em inferência causal, e esse processo se intensifica ao longo das décadas revelando um contexto de forte competição por teorias mais críveis, desenhos de pesquisa mais rigorosos dotados de maior qualidade inferencial. Com efeito, a principal contribuição deste livro é a de sugerir a plausibilidade da tese de que o pluralismo inferencial é uma importante condição constitutiva da produção do conhecimento válido em ciência política, o que a torna singular.
Essa teoria argumenta que a produção do conhecimento na Ciência Política se estrutura a partir de múltiplas lógicas de causação, exibindo uma pluralidade de desenhos de pesquisa que permitem a geração de inferências causais válidas. De forma original, a tese do pluralismo é empiricamente corroborada em 25 periódicos de alto fator de impacto no período 2000-2021 a partir de um conjunto de métricas e indicadores originais.
Uma das contribuições do livro é mostrar que o Pluralismo Inferencial termina por gerar uma condição constitutiva de Mesas Inferenciais Separadas que divide a produção contemporânea a partir da conexão entre teoria e metodologia. A teoria explica as escolhas metodológicas, e não o contrário.