O sentimento de imortalidade sustenta em cada um de nós a falsa impressão de que estamos no controle, de que tudo podemos e de que a vontade é mesmo a mãe das realizações. Mas e quando a fragilidade da matéria, que ignoramos em nossa presunçosa onipotência, subitamente deixa a morada dessa consciência desabrigada e encerra as histórias sem que o autor possa dar-lhes o fim desejado? Os oito contos da obra tematizam exatamente essa frágil relação entre o existir e o não-existir que a consciência não parece captar, tornando o inacabamento a marca de tudo, consubstanciando em nossas arrogâncias o testemunho de que o fim das histórias não é algo que possamos escrever, mas que será sempre escrito pelos outros.