O PAPEL DA CRÍTICA NA FORMAÇÃO DE UM PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO DE ARTE NO BRASIL NA DÉCADA DE 1970 acompanha a dimensão crítica que anima a produção artística no Brasil nesta década e desempenha papel decisivo na formação de um pensamento contemporâneo de arte entre nós. Sabendo que a relação entre crítica e produção de arte, em diferentes graus e nuances, é constitutiva da arte moderna e contemporânea, o que tornaria essa relação tão determinante para a própria existência de uma produção de arte como aconteceu no Brasil da década de 1970?
Aobra apresenta os resultados de uma extensa e profunda pesquisa realizada pelas historiadoras da arte Fernanda Lopes Torres e Martha Telles. Elas nos apresentam suas análises a partir de um conjunto representativo de entrevistas que realizaram com 34 artistas, críticos e curadores, todos protagonistas desta história da arte brasileira recente:
Alberto Tassinari, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Aracy Amaral, Artur Barrio, Carlos Vergara, Carlos Zilio, Cildo Meireles, Fernando Cocchiarale, Frederico Morais, Guilherme Vaz, Iole de Freitas, Ivens Machado, Jean Boghici, José Resende, Luisa Strina, Luiz Paulo Baravelli, Marcio Doctors, Nuno Ramos, Paulo Bruscky, Paulo Sergio Duarte, Paulo Venâncio, Raquel Arnaud, Regina Silveira, Ricardo Basbaum, Rodrigo Naves, Ronaldo Brito, Sonia Andrade, Sônia Salzstein, Sophia Telles, Thomas Cohn, Tunga e Waltercio Caldas.
Nas palavras de Patrícia Corrêa, professora associada da EBA-UFRJ, "Se hoje admitimos o 'contemporâneo' como um fenômeno histórico mapeável no campo das artes no Brasil, isso se deve ao imenso investimento de energia, ao trabalho e também à angústia de artistas e críticos que nos anos 70, entre a repressão do AI-5 e as fragilidades da redemocratização, atuaram para abrir novos espaços de produção, reflexão, elaboração crítica e histórica da arte no país.
O livro de Fernanda Lopes Torres e Martha Telles nos permite ver nesse período – sobretudo a partir do eixo Rio-São Paulo, mas em conexões com outros centros – um contexto específico, atravessado por questões próprias, novos agentes e instituições que, mais do que responder às transformações do meio de arte internacional, se engajaram na própria criação das condições de existência de um meio local onde a arte encontrasse a densidade e o atrito necessários à sua efetividade pública. (…)
Nas suas falas encontramos a memória viva de operações muitas vezes colaborativas, que se materializaram na atuação em jornais, na criação de revistas, em iniciativas de pesquisa e ensino universitário, em ações institucionais em galerias, museus e órgãos públicos."
Com prefácio de João Masao Kamita (PUC-Rio), o livro traz também reproduções de catálogos de exposições da época, além dejornais e revistas de arte como GAM / Galeria de Arte Moderna, A Parte do Fogo, Malasartes, Beijo, etc.