O PADRE E A POLÍTICA ELO DO BEM E DO MAL resgata o conflito entre a política e a religião. A influência da Igreja na política sempre foi forte, entretanto, eu não diria que acontece de forma proveitosa e saudável, ainda que a narrativa seja de maneira despretensiosa e temporal. Pois, estou exemplificando os anos de 1960. Na época, ainda criança eu percebia que o ser humano para ser humano era preciso ser animal, bruto e irracional. A vida no campo não era para amadores. Era preciso enfrentar sol escaldante, chuva aos cântaros, pragas e doenças nas lavouras e nas pessoas. A vida era intensa, educação carente e quase nenhuma compreensão de mundo. O que sobrepunha era subserviência aos dogmas da Igreja. O padre era a voz da imprensa! O livro retrata o quanto a Igreja se envolvia nas vidas das famílias, seja nas orientações espirituais, ou no envolvimento econômico da paróquia com festas e quermesses. O Padre era um instrumento não apenas das palavras de Deus, mas da política e da educação. Enfim, a narrativa leva o leitor à reflexão permitindo compreender melhor o mundo contemporâneo. Entretanto, o autor tomou coragem para nos contar que o padre de sua paróquia, na época, envolveu-se ao extremo na campanha política, ao ponto de exigir de seus fieis que votassem no candidato que ele estava apoiando. "Votem no meu candidato ou serão excomungados". Aquela campanha foi o terror. Meu pai perdeu tudo! Vendeu sua propriedade se mudou para outra localidade se distanciando daquele inferno. Você consegue imaginar um padre chegar em sua casa, reunir a sua família e dizer "votem em meu candidato ou serão excomungados?"