Despontam os primeiros clarões, por trás do horizonte. É a chegada de um novo dia. A vegetação espessa dos fundos da mansão, o edifício alto construído de frente e os prédios dos lados, fazem sombras, juntando as goteiras, tornam úmidas as paredes daquela construção centenária. A falta da circulação do ar, o calor do verão fazem o interior daquela residência cheirar a mofo e apodrecem móveis e assoalhos. Através do vidro da janela, vê-se o quintal dominado pelo mato, e o sobrevoou daquele horripilante corvo, que depois de voar em círculo vem em direção ao casarão, para fazer seu pouso diário no batente da janela. Aquela ave é certamente o único companheiro e amigo do velho Justino, ou quem sabe, um disfarce do diabo que insiste em vigiá-lo. Na parede em frente à cama, existe uma estampa assustadora de Hades, deus Grego e seu companheiro o cão Cérbero.