Ao morrer, em 1871, aos 24 anos de idade, Antônio de Castro Alves tinha publicado apenas um livro, Espumas Flutuantes. Os Hinos do Equador, Gonzaga ou A Revolução de Minas, Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso, que completam sua obra poética, são publicações póstumas. Nascido na fazenda Cabeceiras, perto de Curralinho (hoje cidade de Castro Alves), a 14 de março de 1847, já na adolescência ele revelava uma excepcional vocação poética. Como estudante na Faculdade de Direito de Recife, para onde entrou em 1864, começou a projetar-se como uma das expressões mais altas, ousadas e originais do nosso Romantismo, colorindo-o com sua extraordinária magia verbal e seu fulgor metafórico e imagístico. Em sua poesia, a efusão lírica do poeta sensual voltado para a celebração das mulheres e das paisagens gemina-se ao astro político e oratório. O abolicionismo, as liberdades cívicas, o republicanismo e outras questões e aspirações sociais e políticas que agitavam o Segundo Reinado, em apóstrofes vertiginosas, expandiam sua capacidade de persuasão e indignação. Em 1867, Castro Alves deixou o Recife e, em companhia da atriz Eugênia Câmara – por quem se apaixona e para quem escreve o drama Gonzaga – voltou à Bahia, onde a peça teve uma acolhida consagrada. No ano seguinte, estava em São Paulo, após uma passagem pelo Rio de Janeiro também juncada de aplausos, inclusive os de José de Alencar. Matriculando-se na Faculdade de Direito de São Paulo, e vivendo num clima fervilhante de ideias revolucionárias e fecundantes interrogações estéticas, Castro Alves foi cumulado por novos reconhecimentos e entusiasmos. Torna-se cada vez mais nítido seu perfil de poeta público que, pelo caminho das declamações, sabia conquistar aplausos e cativar audiências. Mas ao lado desses sucessos (como a acolhida triunfal dispensada ao Gonzaga quando representado no Teatro de São José) foram surgindo as decepções e vicissitudes que deram aos seus últimos poemas um tom magoado e reflexivo. Sua amante Eugênia Câmara o abandonou. Durante uma caçada, sua espingarda disparou acidentalmente, atingindo-lhe o pé esquerdo, que seria amputado meses depois, no Rio de Janeiro. Em 1869, Castro Alves – o "condor ferido" a que aludiu um jornal na época – voltou à Bahia. A tuberculose, que já começava a devastá-lo, obrigou-o a uma temporada no sertão – nesse sertão baiano e brasileiro do qual ele foi o grande privilegiado cantor, atento às suas cores e rumores. Em 1870, estava em Salvador para o lançamento de Espumas Flutuantes. E foi na capital baiana que morreu, na tarde do dia 6 de julho de 1871. Pela Global Editora tem publicado O Navio Negreiro e Melhores Poemas Castro Alves (seleção e prefácio de Lêdo Ivo), além de integrar o Roteiro da Poesia Brasileira – Romantismo, com seleção e prefácio de Antonio Carlos Secchin.