Nessa viagem epistemológica, na primeira escala, o autor trava um curioso diálogo permeado de interrogações sobre a percepção na tradição clássica, tendo a bordo Bacon, Montaigne, Locke, Descartes, Leibniz, Berkeley, Hume, Kant e Stuart Mill, investigando como tais autores construíram a noção de percepção (empírica) do mundo e como poderiam ser mobilizados para entender a percepção da vida social, a configuração do conceito de sociedade e a formação da sociologia como ciência.
Na segunda escala embarcam nessa aventura autores contemporâneos, como Bergson, os positivistas lógicos, filósofos analíticos, Merleau-Ponty, Popper, Lakatos, Feyerabend, Kuhn, entre outros, os quais fornecem subsídios para refletir sobre a percepção do social, sua objetividade possível, a controversa noção de uma percepção interna, a introspecção como percepção subjetiva e a compreensão como operação por meio da qual se pode elucidar os motivos das ações.
No desembarque deparamo-nos com uma intrincada discussão sobre a base empírica da sociologia, a forma e o mecanismo de observação do social e as expectativas e distintas perspectivas que permeiam a apreensão da vida em sociedade. Sem desconsiderar a questão da objetividade do conhecimento, abordada numa intrigante teoria que investe contra o relativismo e o dogmatismo, bem como tenta preservar a importância da objetividade para que a ciência não fique refém de qualquer privilégio epistemológico.