O mundo é dos canalhas é um título que diz muito, provoca sentimentos e pensamentos em quem o lê pois afinal o mundo é dos canalhas ou não? A obra, em si, não discute isso através de um ensaio ou tratado e, sim, de contos, alguns entre a linha tênue entre o conto e a crônica. O autor optou por utilizar um mecanismo literário já antigo, onde grandes escritores tiravam do próprio texto alguma frase que compunha o desfecho ou explicação de um determinado ponto de um conto, crônica, poesia ou romance. Tolstoi fazia muito isso. A obra reúne dez textos que discutem o cotidiano, com pitadas de canalhice e personagens inconvenientes, chatos, ruins, mentirosos, sonhadores, felizes, esperançosos, e claro, canalhas. Os problemas comuns enfrentados por muitos desfilam pela escrita do autor. Escrita muitas vezes radical, explosiva, mas ao mesmo tempo, elegante e irônica. O escritor brinca com os dissabores e alegrias da vida. Sem se deixar levar pelo final feliz, agradável e comum, Moura nos leva a muitos finais surpreendentes e indagadores. Amor, paixão, ódio, inveja, infidelidade, morte, a existência, a condição humana, são muitos os temas abordados através de suas narrativas. A tragédia da vida está presente, carregada de dor e angústia, também como surpresas do acaso e felicidade.