Vencedor do Prêmio SESC de Literatura 2008. Uma comovente história sobre um homem que, ao envelhecer e começar a perder a sanidade, deseja ferozmente morrer. Abandonado por todos, vivendo sozinho em um apartamento de frente para o mar, o velho narrador nos leva a acompanhar suas recorrentes tentativas frustradas de suicídio. O desejo de partir é na verdade um tributo à potência da vida que se foi e o deixou para trás. O velho sente-se traído e não aceita o resto que a vida lhe concede, o papel de espectador passivo de sua degradação física. A rua (com suas putas e traficantes), o apartamento (com restos de comida e bitucas de cigarro) e o corpo do narrador acumulam-se de lixo e desafeto. Morrer é também o último reduto de sua vontade, desde que a sua vida no presente é apenas um arrastado contar dos dias, no apartamento classe média na beira da praia. O mar alimenta a memória de certa exuberância física e viril anterior que agrava a consciência de sua miséria presente; assim como, de forma mais pungente, associa-se à lembrança da morte do filho, antigo companheiro de aventuras marítimas, a que nunca soube sobreviver inteiramente. Sem pieguismo ou autopiedade, o autor constrói uma narrativa vigorosa, que nos comove e nos faz refletir.