Este livro foi produzido e arquivado por longo tempo, tão longo que nem me lembro mais das datas, de alguns eventos, de situações... das pessoas? Essas sempre ficam pululando a memória, livre da contaminação do sofrimento momentâneo, mesmo que ele tenha sido sentido e expresso à época. As poesias que o compõem são misturadas de diversos períodos e anos salteados, de experiências múltiplas vivenciadas por mim, mas também pelo "outro", esse outro que somos todos nós com nossas vidas ocidentais ou não, assemelhadas ou distantes. Por mais intimistas e particularizadas, vejo-as pelo recorte da lente de escritora, pelo ângulo que fotografa momentos estanques de sonho e divagações, que não correspondem literalmente ao, única e exclusivamente, vivido, já que a verdade é construída por interpretações subjetivas, nossas versões da "realidade". Na adolescência, tudo é mais intenso, romanceado e colorido com a paixão e seus parentes opostos. Então, muitas dessas poesias tomaram forma nesse estágio e só estão vindo a público agora. Essas poesias são versões do que se entendeu ou se entende do amor. Com o percurso da vida, você vê que tudo não passa da ilusão de um estado temporário de deslumbramento e fascínio pelo mundo, pelas pessoas, e pelas próprias emoções em estado vulcânico, o que é necessário à consolidação da identidade e do caráter. Entretanto, você percebe que o que ficou de bom é um sentimento de descoberta com cheiro de quero mais e se dá conta de que viver e amar é processo contínuo e inacabado. Boa leitura, a autora