Categorias Ver Todas >

Audiolivros Ver Todos >

E-books Ver Todos >

O Menino Que Não Era Gente

O Menino Que Não Era Gente

Sinopse

Pedra do Salgado é um lugarejo localizado no interior do Maranhão, no centro norte do Estado. Um lugar rodeado de babaçuais, onde o tempo passa sossegado, sem pressa, bem devagar. As mais relevantes atividades que movem a economia e geram renda para os moradores do vilarejo são a agricultura familiar, de subsistência, e o extrativismo vegetal, com a exploração intensiva do coco babaçu. Do babaçual são extraídos diversos produtos, como a palha, o palmito e, principalmente, as amêndoas que as quebradeiras vendem para pequenos comerciantes que fazem intermédio entre essas trabalhadoras e a indústria. Na indústria, as amêndoas se transformam em óleo, cosméticos, sabão, ração animal, adubo e outros subprodutos. Os habitantes deste agradável lugar também transformam, artesanalmente, o babaçu em óleo vegetal, chamado de azeite de coco. Esse produto, vastamente utilizado na culinária da região, tem cheiro e sabor agradabilíssimos. A atividade da quebra do coco, para extrair a amêndoa, é a principal ocupação de grande parte dos moradores do povoado. É uma atividade quase que exclusivamente exercida pelas mulheres, sejam jovens ou senhoras, embora também, haja homens executando esse trabalho. Paralelamente à rua principal do lugar, passa um caudaloso córrego chamado de Igarapé Salgado. É um riacho de correnteza temporária que adquire grande volume de águas nos meses chuvosos, período que os moradores chamam de inverno. O Igarapé Salgado segue seu curso e, a pouca distância dali, encontra-se com um grande morro de pedras, dando origem ao nome do vilarejo, Pedra do Salgado. A extração das rochas brancas da grande pedreira também oferece trabalho para muitos moradores, principalmente para os homens jovens e adultos. É um lugar pequeno. Possui uma rua principal, outras poucas ruas secundárias e algumas ruelas e becos. Lugar de vida muito tranquila e simples. Todos os habitantes se conhecem. Todo mundo sabe da vida de todo mundo. Um lugar onde os moradores ainda podem dormir com suas portas e janelas abertas sem o perigo de serem surpreendidos por algum malfeitor. Lugar em que os plácidos habitantes, sossegadamente, conversam nas portas das suas casas ou às sombras das árvores ouvindo-se os vinis nas vitrolas tocarem incessantemente Bartô Galeno, Raimundo Soldado, Pinduca, Reginaldo Rossi, Francisdalva, Amado Batista, Carlos Alexandre, entre outros. E os rádios a pilha, que toda casa tem pelo menos um aparelho, ligados a todo volume nas Ondas Médias da Rádio Pioneira de Teresina, ouvindo-se, devotamente, todas as tardes, a voz peculiar e marcante do locutor Roque Moreira, no programa O Seu Gosto da Berlinda. Nos dias de chuva as crianças correm para as ruas, nadam nas grotas de águas barrentas que se fazem das enxurradas, e, depois da diversão, vão cheias de regalo aos poços puxar água nos baldes feitos com latas de querosene Jacaré ou tomar banho no açude, para tirar o ceroto dos pequenos corpos cobertos de lama, dos pés à cabeça. Nesse belo cenário eu vivi minha infância e pré-adolescência. Cheguei lá com 10 meses de idade e saí, em definitivo, no mesmo dia que completei 15 anos, deixando para trás toda essa atmosfera bucólica vivida intensamente. Esta obra é uma tentativa de descrever alguns momentos marcantes e aventuras vividas por um não tão sossegado menino, nesse maravilhoso lugar, nos seus primeiros anos de vida. São relatos de alguns acontecimentos que povoam sua memória e vêm à tona todos os dias, após décadas ausente daquelas ruas empoeiradas, daquela atmosfera rural e dos amigos que lá deixou. Aqui estão relatadas algumas dessas jubilosas histórias. São narrativas de peripécias das mais diversas.