Em seu mais novo romance, O maior ser humano vivo, Pedro Guerra conta a história de Nilo, um anti-herói dos novos tempos, e sua odisseia em busca de sucesso e ascensão na São Paulo do século XXI.
Nilo, o protagonista de O maior ser humano vivo, é ambicioso, vulnerável a tentações e voraz a ponto de engolir a vida inteira como um gigantesco dry martini, seu drinque preferido. É meio cínico e amoral, mas generoso e destituído de preconceitos. Sua autoironia e observação sensível dos outros são muito espirituosas e corrosivas. Por tudo isso, acaba sempre traído pelo próprio temperamento, forçado a grandes reviravoltas em seus planos para o futuro.
No início da carreira, como talentoso advogado, teve ascensão rápida e, em mais de um sentido, vertiginosa. O mundo das grandes fusões e aquisições, azeitado por cifras milionárias e povoado por uma galeria de "faria limers" – Reggie, o grande amigo; Melissa, a advogada por quem se apaixona; Jefferson, o dublê de moço do cafezinho e traficante, entre outros – é o ambiente perfeito para as armadilhas de sua personalidade entrarem em ação.
A linguagem do livro, narrado em primeira pessoa, é de uma adequação absoluta ao protagonista: esperta, ágil, culta e, ao mesmo tempo, iconoclasta. Ela expõe as fraquezas do narrador sem nenhum disfarce, e sua velocidade torna o leitor tão compulsivo quanto Nilo. Quando há alguma pausa, é porque a cena anterior foi arrasa quarteirão, e o intervalo funciona sobretudo para que o leitor tome fôlego até nova situação-limite.
O "Medianismo", a empreitada seguinte de Nilo, é a negação de tudo que acabou de viver como advogado. Trata-se de um show de stand-up comedy, e também de uma nova filosofia de vida, um modo de resistência mordaz às várias formas de exploração presentes no mundo contemporâneo. Em meio a referências que vão de Sêneca a Julio Iglesias, Pedro Guerra conduz o protagonista com mão firme até o instante decisivo, quando o talento de Nilo, o sucesso do seu espetáculo e o seu temperamento resultam outra vez em uma mistura explosiva, agravada pelo desvario predominante das redes sociais.
"Este romance impressionante e sagaz tirou meu fôlego numa série de golpes exatos, finamente orquestrados. Pedro Guerra domina uma espécie de arte marcial literária." – Natércia Pontes, escritora, para a quarta capa de O maior ser humano vivo