Uma narrativa onírica combinada a paisagens fantasmagóricas constrói o cenário de O litoral das Sirtes (1951), romance considerado a obra-prima de Julien Gracq (1910-2007), um dos principais escritores franceses do século XX.
O protagonista é Aldo, filho de uma família aristocrática do país fictício de Orsenna. A cidade-Estado, que vive um cotidiano de morosa decadência, se encontra há três séculos em guerra com uma nação vizinha, o Farghestão. No braço de mar que separa os dois estados, os barcos não ousam passar de uma linha imaginária.
Aldo é enviado como observador civil à fortaleza do Almirantado do litoral das Sirtes e vive em estado de contemplação entrecortada por conversas com o pequeno grupo de jovens militares do Almirantado e esporádicos momentos de revolta. Paralelamente, correm rumores de conspiração no mundo externo. O cotidiano comporta também encontros sociais. Numa dessas ocasiões, Aldo conhece Vanessa, que traz consigo o estigma de ser descendente de um traidor da pátria.