"A partir das diferenças entre os projetos propostos pelos governos do PSDB e do PT — a social-democracia-tardia, em que se destacam com relevância as políticas públicas de certa positividade —, Deo traça os elementos que irão se constituir nos entraves mais complexos para o avanço social, exatamente ao dimensionar a forma histórica de objetivação do capitalismo brasileiro. O aspecto mais relevante do livro de Anderson Deo é o desvelamento da trajetória que se desenrola a partir de dois conceitos marxianos de grande profundidade: o primeiro é aquele que revela o elemento morfológico localizado em seu núcleo constitutivo de particularidade histórica; o segundo, como consequência dessa base conformativa, a forma desigual e combinada, por meio da qual o Brasil insere-se na economia imperialista."
Antonio Carlos Mazzeo
"A tendência bonapartista é condição necessária de dominação por parte de uma burguesia segmentada e subordinada ao capital financeiro imperialista. No esforço para ampliar a sua força hegemônica, a burguesia brasileira lançou mão daquilo que Anderson Deo identifica como social-democracia tardia. Não se trata mais da social-democracia clássica que se empenhou para conseguir direitos sociais para os trabalhadores e assim também preservar o Estado burguês. Trata-se agora, em uma zona periférica do capitalismo, de uma social-democracia que governa diretamente para o capital financeiro, e em vez de direitos universais, age por meio de políticas paliativas denominadas de 'ações afirmativas', entre as quais se destacam bolsas e quotas, que podem ser alteradas ou retiradas a qualquer momento."
Marcos Del Roio