O livro O Irracionalismo de Conveniência – ensaio sobre pós-verdade, fake news e a psicopolítica do fascismo digitalreflete criticamente sobre o irracionalismo de conveniência, presente nas formas autoritárias da ideologia da doutrina neoliberal e sua tentativa de colonizar a esfera pública, por meio de práticas abjetas do fascismo digital contemporâneo. Esse processo ideológico apresenta-se por meio dos dispositivos do binômio fake news/pós-verdade, que torna concreto o processo de desinformação em massa e faz com que os fatos objetivos relativos à realidade tenham menor valor que as crenças, ideologias e os afetos pessoais dos indivíduos/usuários das redes sociais. Para compreendermos esse problema, fazemos um percurso interdisciplinar de análise, visando tangenciar abordagens dos campos da filosofia, psicanálise e ciências sociais, para desenvolvermos reflexões que nos dão suporte teórico e analítico. A partir de autores como Foucault, Freud, Adorno, Habermas e Elias, dentre outros, analisamos o "Irracionalismo de Conveniência" presente na crise da racionalidade na sociedade contemporânea, o que faz surgir a desinformação coletiva, o negacionismo e o fascismo digital, como efeitos perversos dessa crise. Na esteira desse processo de irracionalismo discursivo, que é conveniente ao autoritarismo de líderes fascistas representativos de um populismo digital, vemos surgir novas formas de poderes, que estão pautados pelas novas tecnologias algorítmicas, que se mostram como dispositivos de dominação da biopolítica e da psicopolítica, nessa sociedade em rede. Além desse aspecto, argumentamos que esse Irracionalismo de Conveniência tem promovido uma violência brutal institucionalizada pelas mídias sociais, a partir das quais se reverberam os discursos ultraconservadores dessa nova direita no mundo globalizado. Esse conjunto de questões nos faz refletir sobre como as democracias se fragilizam frente às novas formas de poder dessa ideologia neoliberal. Concluímos nossas reflexões demonstrando como esse conjunto de coisas afeta a cultura política, dentro e fora das esferas institucionais, e mobiliza os afetos do corpo social, por meio dos usos cotidianos das mídias sociais. Pois o cotidiano digital desse corpo social se vê envolto num processo psicopolítico de cenário de guerra de desinformação massificada, que vem tentando colonizar e fragilizar a esfera pública e o ethos da democracia contemporânea, em um mundo conectado por redes.