O Inferno não é um lugar ruim para se viver é resultado da etapa teórica do Curso de Psicanálise Clínica do qual tive a oportunidade de ser aluno no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica [IBPC] de Campinas-SP, durante o 2° semestre de 2020, no auge da pandemia de covid-19.
Chamo a atenção para o contexto mundial e brasileiro em particular, uma vez que, tendo uma formação calcada em Literatura, um campo das Artes que abre tentáculos pelas mais variadas áreas das Ciências Humanas [Psicologia, Sociologia, História, Psicanálise, Política etc.] e também a Tecnologia e seus desdobramentos, esse período foi particularmente prenhe de reflexões pela conjunção de vetores historicamente raras: a polarização político-ideológica de alcance global e que, no Brasil, tem como marco as manifestações de junho/julho de 2013, a ruptura política de 2016 e as eleições de 2018; a crise econômica global, disparada com a "Bolha Imobiliária" de 2008, nos Estados Unidos, atingiu-nos. Depois de um período de crescimento econômico constante de 2003 a 2012, calcado no consumo desenfreado proporcionado pelo crédito liberado aos mais pobres. As 26 milhões de pessoas que saíram da linha de pobreza, segundo o Banco Mundial, consumiram além de suas capacidades, endividaram-se em longo prazo e contribuíram para a inadimplência no comércio, a baixa nas vendas, o que gerou desemprego e, por sua vez, a diminuição na produção industrial, gerando mais desemprego. Estava instalada a Depressão Econômica. Como se não bastasse, vem da China a covid-19: dois anos e meio da maior pandemia desde a gripe espanhola [1918-919], entre 2019-2022. E, quando surgia uma esperança com o arrefecimento da pandemia, Putin invade cruelmente a Ucrânia, causando o maior conflito bélico europeu desde a Segunda Guerra [1939-1945], gerando o caos mundial num mundo hiperglobalizado e interdependente. É a tempestade perfeita.