O autor localizou nos arquivos documentos inéditos e os analisou criticamente para fertilizar a resistência dos índios diante da expansão cafeeira no Vale do Paraíba, do esbulho de suas terras e da extrema violência contra sua integridade física, cultura, língua.
Estariam os povos indígenas condenados ao exotismo ou à invisibilidade?
Ao fatal extermínio e à dissolução na sociedade nacional moderna?
A presença dos índios como agentes históricos no Brasil oitocentista e, mais especificamente, na região Sudeste e na província do Rio de Janeiro em pleno processo de expansão cafeeira: este o principal aporte do estudo do Professor Marcelo Sant'Ana Lemos, O índio virou pó de café?
A resistência dos índios Coroados de Valença frente a expansão cafeeira no Vale do Paraíba (1788 – 1836). Os índios, acossados pelas frentes de expansão que tomavam suas terras, teriam virado pó, assim como as florestas nativas da Mata Atlântica. Mas, ao contrário de registros formais e de um difuso senso comum, as populações originárias existiram e deixaram suas marcas na sociedade que se tornava nacional. Mesmo com seus modos de produção de vida alterados, como assinala o autor (enriquecendo assim uma conhecida categoria analítica). Ainda hoje seus descendentes diretos podem ser localizados na região. Daí a interrogação no título do livro. O Brasil vai des-cobrindo sua face indígena.