Nesta obra, a cada página de leitura, o leitor é convidado a assumir o leme de uma navegação entre mundos imaginários e reais. Trata-se de uma navegação que promete prender o leitor numa saga inspiradora, com relatos e impressões que fazem do autor, Mariano Hebenbrock, um Julio Verne bem pós-moderno, senão na melhor descrição do que o flânerie da poesia de Baudelaire. Um sujeito deambulante nos espaços da cidade. Sem destino, mas destinos. Assim, numa volta ao mundo que se inicia na cidade do Recife, em Pernambuco, para os mais distintos destinos do planeta. Ou seria o contrário!? Não, não. Na verdade, Mariano sempre foi do mundo para o mundo, assim provando que o nomadismo, o ser migrante, um descobridor de territórios humanos, sempre fez parte da constituição do autor como indivíduo, recifense, brasileiro, americano, ocidental, terrestre!
Entre os destinos desse quebra-cabeça navegado meticulosamente pelo autor, a imersão que se propõe ao leitor é por demais imprevisível. Ora trazendo o que cidades como Paris, Nova Iorque, Londres, Roma, Lima, Tel-Aviv e Bangkok têm de cosmopolita, assim como verdadeiras cidades-mundo. Ora revelando o peculiar local, um exótico envolvente, senão provocativo, dessa forma exigindo uma reação/resposta incisiva nossa diante daquela zona de conforto que diariamente nos confina à condição de seres comuns. São diversos registros de aventuras em lugares poucos ou totalmente ignorados dos tradicionais roteiros turísticos do Ocidente.
O autor esbanja um intimismo excepcional a cada história relatada. Diria até mais: a obra de Mariano não se trata de só uma mera coletânea de histórias de viajante a preencher as prateleiras de boas biografias e de literatura de viagem. Aliás, analisar, nesses termos, seria um verdadeiro desserviço não só para quem não conhece a trajetória intelectual e de vida do autor, mas também para quem pretende compreender o quão complexo sempre foi e é o debate de migração na contemporaneidade. Nesse sentido, é válido dizer que, talvez, um dos maiores méritos da obra seja acentuar de maneira bem singular questões que envolvem as controvérsias da vida contemporânea. Entre elas a inevitável aproximação entre civilização, barbárie e intolerância.
Lawremberg Advincula da Silva
Professor assistente do curso de Jornalismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)