O tema da tolerância, entendida como o problema dos grandes desacordos morais, é um tema tão antigo quanto a diversidade humana e se expressa com as características históricas de sua construção em cada época e lugar. Considerando essa realidade de fundo que é inescapável, o presente livro busca olhar para a tolerância sob a perspectiva do individualismo ético e do universalismo moral cosmopolita, perguntando-se o que, dentro do campo da tolerância, é devido a todas as pessoas, independentemente das sociedades em que vivem e dos Estados sob os quais nascem. Se as pessoas e os grupos, bem como as diversas dimensões da vida social, são tecidas por linguagem, cultura e sociedade, qual a forma mais defensável de regulação política dos conflitos que surgem de nossa própria tessitura individual e coletiva? Essa regulação deve se restringir aos limites das fronteiras estatais? Ou há uma dimensão cosmopolita do problema da tolerância, que ultrapassa fronteiras e subjuga soberanias estatais? E, se há uma tolerância global defensável, quais os seus limites e institucionalidades?