O livro O horizonte escuro do rio traz uma perspectiva inovadora acerca das figuras paternas presentes em três narrativas do escritor brasileiro Milton Hatoum: Cinzas do Norte (2005), Dois Irmãos (2000) e Órfãos do Eldorado (2008). Concentrando-se nos personagens que detêm funções paternas e filiais sugestionadas, a obra compreende também toda a problemática gama de relações que envolvem outros sujeitos nessa intrincada teia que é a família. Assim, a autora toma como base alguns pressupostos literários, históricos, sociais e psicológicos, buscando perceber em que medida esses laços rotos representados em Hatoum entram em conexão simbólica com a sociedade brasileira do século XX. O livro ainda destaca a noção de que as mudanças históricas influenciam diretamente a percepção dos filhos, narradores das tramas, uma vez que eles se apresentam como remanescentes de uma sociedade em ruínas que, nas viradas de séculos, lançam um novo olhar sobre o país e reconstroem a sensação de pertença. Com uma linguagem acessível, a autora faz uma análise curiosa dos textos literários principalmente por meio de comparação das imagens paternas que eles contêm. Atrelada a essas interpretações, ela focaliza os pontos tangentes e divergentes das obras em pauta. Reflexões marcantes acerca do conceito de família, da figura do pai nas diversas acepções que o termo evoca, bem como do papel que cada um dos filhos desempenha no decorrer das tramas são conduzidas pelo intuito de iluminar as relações possíveis entre os textos literários, história e psicologia.