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O homem rouco

O homem rouco

Sinopse

O homem rouco é talvez um dos livros que melhor sintetizam o modo incomparável de Rubem Braga ver, perceber e narrar o mundo ao seu redor. Em algumas das crônicas presentes neste livro, saltam aos olhos as reflexões do cronista sobre seu ofício. Repontam aqui e ali os desafios diários daqueles que se dedicam a preencher as páginas com palavras, num mundo em que parece tanto faltar capacidade para dialogar. Dentre as crônicas deste livro, destacam-se aquelas em que se pode apreciar a visão terna do cronista sobre os animais, como "Biribuva", "Histórias de Zig" e "Do temperamento dos canários". Também são pontos altos do livro as crônicas mais intimistas do autor, nas quais ele tece reflexões existenciais de seu modo peculiar a partir de um fato do cotidiano, como é o caso dos textos "Lembrança de um braço direito" e "A visita do casal".Com seu espírito livre e independente, Rubem naturalmente capta vestígios de vida onde ela se mostra à primeira vista rara, incendeia com seu humor sarcástico cenas e situações que parecem apenas tristes aos mais desatentos, revela com seu jeito surpreendentemente simples a complexidade da existência humana."Procura-se um caderninho azul escrito a lápis e tinta e sangue, suor e lágrimas, com setenta por cento de endereços caducos e cancelados e telefones retirados e, portanto, absolutamente necessários e urgentes e irreconstituíveis. Procura-se, e talvez, não se queira achar, um caderninho azul com um passado cinzento e confuso de um homem triste e vulgar... Procura-se, e talvez não se queira achar."

Autor

Rubem Braga nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, ES, em 1913. Ainda estudante, iniciou-se no jornalismo fazendo uma crônica diária no jornal Diário da Tarde. Como repórter, trabalhou na cobertura da Revolução Constitucionalista de 1932 para os Diários Associados. Mesmo depois de formado em Direito, continuou com o jornalismo, escrevendo crônicas para O Jornal. Mudou-se para Recife, PE, e passou a escrever para o Diário de Pernambuco. Fundou, no Rio, o jornal Folha do Povo, tomando partido da ANL (Aliança Nacional Libertadora). Em 1936, lançou seu primeiro livro de crônicas, O Conde e o Passarinho. Em 1938, fundou, junto com Samuel Wainer e Azevedo Amaral, a Revista Diretrizes. Foi correspondente de guerra na Europa durante a Segunda Guerra Mundial pelo Diário Carioca, tendo tomado parte da campanha da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Itália, em 1945. No período de 1961 a 1963, foi embaixador do Brasil no Marrocos. Considerado um dos maiores cronistas brasileiros, Rubem Braga publicou diversos livros, entre eles Crônicas do Espírito Santo e Coisas simples do cotidiano. O autor adorava a vida ao ar livre, morava em um apartamento de cobertura, em Ipanema, onde mantinha um jardim completo, com pitangueiras, passarinhos, e tanques de peixes. Nos últimos tempos, publicava suas crônicas aos sábados no jornal O Estado de São Paulo. Foram 62 anos de jornalismo e mais de 15 mil crônicas escritas. Rubem faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 19 de dezembro de 1990.