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O homem que odiava a segunda-feira

O homem que odiava a segunda-feira

Sinopse

Na porta da livraria, um homem distribui folhetos amarelos convidando para uma reunião. Objetivo: extinguir do calendário as segundas-feiras, esse dia nefasto no qual todos os males da semana (e da vida) começam. Prova científica? O estranho vírus denominado Monday-Monday, de sintomas incertos e amplitude universal. Mas como eliminar um dia da semana? Consultas a advogados, na tentativa de esclarecer da existência de alguma lei a respeito. Desilusões, frustrações. A segunda-feira, espécie de bode expiatório das angústias, recalques e desavenças humanas, marca com a sua presença inquietadora os cinco contos de O Homem Que Odiava a Segunda-feira. Contos absurdos (talvez não tão absurdos como o cotidiano, se bem pensarmos), situações de delírio, metáforas e alegorias da realidade, à sombra da aziaga segunda-feira. O homem que mantém diálogo com uma formiga; a caixa de correio que engole mãos; a ideia de corpos com partes removíveis, permitindo se retirar ora uma perna ora a barriga. A estranha situação de pensar e emitir sons sem qualquer sentido, como se falasse um idioma bárbaro ou estivesse sendo dublado, e a descoberta final de não entender mais a língua que falava (KersgatoiNula! KersgatoiNula!). Sátira às novas gerações, à linguagem contemporânea, incorporando estrangeirismos grotescos? Pode ser. Mais evidente é a perda da identidade e suas consequências alucinantes, em "As Cores das Bolinhas da Morte". Sátiras, humor negro, sarcasmo, revolta com o cotidiano, culpa da segunda-feira. Que seja extinta. E se a felicidade ou mesmo uma precária tranquilidade seja impossível assim mesmo, que se acabe também com a terça, a quarta, a quinta, a sexta, o sábado. Que a vida seja reduzida a um perpétuo domingo ou que tudo se acabe numa nefasta segunda-feira.

Autor

Jornalista e escritor, Brandão publicou dezenas de livros, entre romances, contos, crônicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Nasceu em Araraquara (SP), em 31 de julho de 1936. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que crítico não pagava entrada em cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, Depois do Sol. Seu primeiro romance, Bebel que a Cidade Comeu, foi publicado em 1968. Em 1974, foi lançado na Itália o romance Zero, sua obra mais conhecida. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só seria liberada em 1979. Em 1993, iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S.Paulo.Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registrou a experiência no livro Veia Bailarina, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião de seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação de sua vida e obra no volume 11 da série Cadernos de Literatura Brasileira. Em suas crônicas, são frequentes as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao cotidiano da cidade de São Paulo.