O homem que morreu três vezes, de Fernando Molica, pode ser lido como um livro de aventuras. É a história de um personagem que não cabe em si mesmo e, a cada cem páginas, troca de pele, surpreendendo o leitor. Num primeiro momento ei-lo no papel de um jovem advogado gaúcho, ambicioso e inescrupuloso, que, gratuitamente, sai delatando desafetos como comunistas. No momento seguinte, já em São Paulo, ocorre exatamente o contrário. É ele quem está pendurado no pau-de-arara, acusado de subversivo. O mais impressionante é que, na tortura, o dedo-duro de ontem não delata ninguém. Sai da prisão quase como um herói. E ganha o mundo: Santiago, Paris, Argel, Beirute e etc. A partir daí, uma fantasia só não lhe basta. Precisa de duas. E, assim, veste-se de boa-vida internacional e perigoso terrorista. Enquanto viaja de primeira classe e come nos melhores restaurantes da Europa, fornece armas para os atentados comandados por Carlos, o Chacal, o homem mais buscado pelos serviços secretos nas décadas de 1970 e 1980. De repente, some do mapa. Anos mais tarde, aparece – ou desaparece? – sob novo nome numa pequena cidade italiana. Fim da linha? Fim da história? Façam suas apostas.