Esse livro busca revelar através da poesia de James Douglas Morrison, mais conhecido por ter se tornado um mito como vocalista da banda norte-americana The doors na década de sessenta, o dilema de seus conflitos de homem histórico e homem mitológico em sua busca trágica de atravessar para outro lado em uma reconciliação. Trazemos à tona um pouco de pensadores que refletem sobre o tempo, memória, mito, trágico (as pulsões dionisíacas e apolíneas) e poesia que têm a nos dizer para delinearmos como o homem encara o fluxo ou interioridade desse tempo em sua consciência. A poesia de Jim Morrison se torna uma revelação desse instante em que a consciência encara o fluxo do tempo em sua interioridade e mostra sua continuidade em angústias e identidades. A revelação de um termo de transcendência passa a ser uma iluminação que se propõe à imanência, ou seja, a finitude e o que ela em si pode nos revelar em sua duração. A realidade histórica se carrega e se constrói então de imagens com teor mitológico que perfilam oniricamente o caminhar e o desenrolar das ações, portanto, a poesia imbuída de imagens alegóricas as captura e as visualiza, quebrando padrões e implantando concepções utópicas, abrindo portas, podendo delinear um novo ethos. A poesia como cruzamento de tempos torna-se o olho selvagem e a consciência trágica que desperta no instante do agora, possibilitando o choque e a redenção da continuidade de identidades e da angústia no coração e na pulsão apolínea e dionisíaca.