Pensar a literatura há muito não significa exclusivamente refletir sobre as rupturas que determinados autores ou movimentos trouxeram às letras. Por sua vez, a tradição pode se tornar um fardo, um beco sem saída, se pensarmos que tudo já foi dito. Uma das faces do contemporâneo se revela como uma biblioteca inesgotável, que gera mais anseios do que respostas para o tempo presente.
Entre o presente, personificado em instante, e um passado que insiste em voltar, o escritor contemporâneo tem encontrado múltiplas formas de estabelecer sua voz própria ao mesmo tempo que assimila ou nega certas heranças da modernidade.
Nos dezessete ensaios que compõem O futuro pelo retrovisor - inquietudes da literatura brasileira contemporânea, os ensaístas investigam como autores com estilos diversos lidam com os paradigmas da modernidade, seja para subvertê-los, atualizá-los ou dialogar com cânones desse período.
Dessa forma, vemos a crítica literária contemporânea expandir seu campo de reflexão, abordando a modernidade não à procura de uma origem nostálgica, mas como modo de contribuir para o entendimento da literatura e do tempo presente.