Este livro é a reunião de sete estudos sobre a história política (e econômica) da Bahia no século XVII. Mais precisamente, sobre os mecanismos institucionais e as dinâmicas políticas do sistema do governo geral. São resultados, ainda parciais e fragmentários, de uma investigação sobre o Estado do Brasil, buscando a compreensão das estruturas e dinâmicas das relações entre os poderes médios e os poderes locais na América portuguesa.
Estuda-se o sistema político do governo, a provedoria-mor, a secretaria do Estado, assim como a centralidade de Salvador capital de um espaço político que procura afirmar uma justiça própria. A fiscalidade tem um papel importante na afirmação desse mecanismo de poder e no seu funcionamento. A arte da guerra e as estruturas militares são também objeto de análise. As maneiras encontradas para abastecer a capital com alimentos (a farinha de mandioca) e manter as tropas ajudam também a compreender a espacialização da economia colonial. Por fim, em um último capitulo, procura-se entender o papel de Salvador como cabeça do sistema político na crise do final do século XVII. As dificuldades na economia do açúcar são entendidas como manifestação já de uma crise estrutural, na qual a questão monetária ganha centralidade e também as tentativas de mobilização de recurso para a fortificação de Salvador. Chave do Brasil, a fraqueza dos muros e bastiões da cidade aparece como representação das dificuldades da economia do açúcar. A demanda por uma moeda provincial revela como os interesses da açucarocracia se apertavam dos interesses da Metrópole. Como se ampliavam as relações coloniais.