Há obviedades no presente que foram temeridades no passado. Este livro expressa uma dessas situações. Em 2009, há mais de uma década atrás, falar em "esquema do mensalão" soava, para muitos, uma temeridade. Entretanto, a temeridade passada tornou-se obviedade presente. Houve, sim, pagamento periódico a deputados federais, por integrantes do Poder Executivo Federal, para que os parlamentares votassem matérias de interesse do governo, de maneira a se formar as maiorias necessárias para tal fim, independente do nome que se queira dar a tal, seja "esquema do mensalão" ou outro qualquer. Contudo, mesmo hoje, inúmeras são as obviedades que ainda se apresentam como temeridades. Em sua obra, Ari Martins cita o seguinte exemplo: como é possível convivermos, com normalidade, com tantas notícias de que parlamentares estão a votar com o Executivo em troca de cargos naquele Poder? Por que, para alguns, parece uma temeridade processar criminalmente, ou mesmo por ato de improbidade administrativa, parlamentares que recebem cargos no Poder Executivo? Estas são algumas das questões para as quais se busca resposta neste livro.