No Brasil, desde os jesuítas à Constituição de 1988, ainda em vigor, a Igreja nunca se apartou do Estado, estando presente principalmente nas decisões políticas e na educação escolar. Nesse panorama, verificamos que muitos professores, em todos os níveis educacionais, não estão cientes das nuances e implicações de se institucionalizar o Ensino Religioso (ER) em um Estado laico, nem a emergência de se verificar a forma e os objetivos com os quais vem sendo ministrada essa disciplina. Alguns profissionais se eximem de analisar criticamente o currículo, a metodologia e os desdobramentos do ER pela justificativa equivocada da (in)significância dessa disciplina. Esclarecemos que não pretendemos julgar o mérito da disciplina de ER nas escolas públicas de um país laico. Trabalhamos com o fato de que o Ensino Religioso faz legalmente parte do currículo escolar, logo deve ser ministrado de modo a contribuir com a boa e adequada formação dos discentes. Carece, portanto, de profissionais qualificados e materiais didáticos adequados. O principal objetivo do presente trabalho é discutirmos a importância de um currículo prescrito de ER que, além dos conteúdos eurocêntricos, contemple e priorize as especificidades da cultura e da religiosidade local e regional para todos os discentes.