A presente obra versa sobre uma forma de "tratamento" ministrada pelo Estado Republicado em face dos indígenas, principalmente sul-mato-grossenses, categorizados como "indisciplinados" ou "infratores": a prisão. Foi resultado de uma pesquisa que utilizou o método etnográfico, o genealógico e o da história de vida e após a revelação de "limites de segurança" do investigador foi advogado pela readequação do método disponível bem como a ideia de que a noção de etnografia deve ser constantemente ressignificada. Já no corpo do conteúdo, após reportar sobre a "pacificação" dos autóctones do oeste paulista, discorre sobre a transferência deles para a Terra Indígena do Icatu, que menos de vinte anos depois passou a figurar em documentos como "Escola Correcional", "Colônia Penal" e "Posto Correcional". Relaciona sessenta e quatro possíveis transferências sob a categoria de "cumprimento de pena", das quais foi possível o levantamento de cinquenta nomes e alguns retratos que os escassos documentos possibilitaram que não fossem apagados da história. Assim, apresenta parte da malha punitiva do SPI, o protagonismo do Icatu bem como sua substituição pelo Reformatório Krenak e posteriormente pela Fazenda Guarani. Por fim, seguindo nessa linha temporal-punitiva, chega no período atual, na Penitenciária Estadual de Dourados (PED) - líder nacional de encarceramento de indígenas - narrando parte do contexto dos Guarani e Kaiowá presos e as violações por parte do Estado brasileiro.