Em "O empréstimo", Machado de Assis acompanha Vaz Nunes, tabelião acostumado a uma convivência tranquila com o amigo Custódio, até o momento em que um pedido inesperado rompe o ritmo habitual das conversas entre eles. Em uma visita como tantas outras, Custódio menciona a necessidade de um empréstimo, e a situação muda de tom. A partir daí, o diálogo entre os dois ganha nuances diferentes. Vaz Nunes tenta entender o alcance do pedido enquanto observa o jeito do amigo, que alterna explicações, hesitações e pequenas tentativas de aproximar o favor do terreno da amizade. O clima antes familiar passa a carregar um cuidado maior com palavras e silêncios. Entre gestos simples e reações discretas, o encontro mostra como um pedido aparentemente comum desloca cada um do lugar que ocupava na amizade. Nas pequenas mudanças de tom, nos silêncios calculados e nos olhares que escapam, surgem nuances que raramente vinham à superfície, como se o empréstimo abrisse espaço para algo que ambos evitavam encarar de frente.