As reflexões pedagógicas do filósofo Jean-Jacques Rousseau causaram polêmica em seu tempo. O século XVIII foi chamado de o "século das luzes" porque significou o triunfo do Iluminismo com sua valorização da razão, das ciências e das artes. Rousseau, mesmo mergulhado nesse meio, provocou seus contemporâneos com uma proposta diferente, isto é, a da formação humana pela via de uma educação negativa. Contra a educação tradicional, Rousseau propõe uma ação pedagógica menos racionalista e mais sensitiva e experimental. Embora grande parte de sua obra possa ser considerada pedagógica, é no livro Emílio ou da educação, publicado em 1762, que o cidadão de Genebra desenvolve seu tratado, ainda que na forma de um romance, no qual o jovem Emílio é educado por seu preceptor até a idade adulta. Esperando encontrar uma educação do isolamento e do afastamento da vida social, o leitor se deparará, entretanto, com a formação de homem que apreende uma certa cultura, que constitui sua família e que vai viver no meio social. Emílio é, portanto, um tratado de formação política e de cidadania. Todavia, o que há nesse romance pedagógico não é a defesa da educação pública, mas de uma educação humana e social ao mesmo tempo que, se não teve correspondência em seu tempo, corresponderá ao cidadão de nossa época. É o que este livro defende.