Como fazer diferente? A ideia de infiltrações sugere práticas que negam ou ignoram o que chamamos de núcleo essencial do poder moderno que permitiu a construção do estado moderno e do capitalismo: a uniformização (padronização de comportamentos e valores, essenciais para o reconhecimento do poder do Estado); o dispositivo nós versus eles (pensamento binário subalterno que ajuda a construirá identidade nacional com a subalternização do outro fora do padrão imposto pelo poder); o universalismo europeu (que sustenta a hegemonia moderna da civilização europeia transformando falsamente em universal o que é europeu); alinearidade histórica (que explica artificialmente a necessidade de todos buscarem o único caminho europeu); a invenção do indivíduo e a consequente separação do indivíduo da natureza transformando esta última em recurso a ser explorado pelo indivíduo racional que doma a natureza selvagem.
É perceptível a existência de processos diversos e dinâmicos de resistência, assimilação, rupturas, tentativas de rupturas, que sistematicamente tem cedido às armadilhas modernas que se constroem nos eixos acima mencionados.
Exemplo são as revoluções socialistas no século XX. A ruptura com a economia moderna capitalista não veio acompanhada com a ruptura com as instituições e situações que permitiram a construção e desenvolvimento da mesma economia."