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O desenho do tempo

O desenho do tempo

Sinopse

O itinerário narrado neste livro tem início em Fiúme, onde Nora Tausz nasceu e onde experimentou, ainda criança, a furiosa hostilidade nazista. Fugindo da perseguição e da morte, deixa a Europa com seus pais e irmão e desembarca no Rio de Janeiro em 1941. Em terras brasileiras, precisa vencer inúmeros desafios para a construção de uma nova vida. Com determinação e muitos talentos, Nora faz a sua parte: ajuda a família, se reinventa, concilia os estudos com uma bem-sucedida experiência como atleta de saltos ornamentais.Mas a vida, como Nora mostrará, é de altos e baixos. Forma-se em arquitetura na Universidade do Brasil (hoje UFRJ), em 1950, mesmo ano em que morre sua mãe, Iolanda. Perde também o único irmão, Giorgio. Com o pai Edoardo, segue a vida de forma determinada e resiliente. Torna-se professora da instituição em que estudou e trabalha como arquiteta em empresas de construção civil.Em 1951 conhece o filólogo, crítico e tradutor húngaro Paulo Rónai, também refugiado de guerra, com quem se casa no ano seguinte. Fazem livros, duas filhas, constroem uma casa. Em 1964, retornam, em visita, à Europa. Mais de vinte anos depois da fuga, empreendem, juntos, uma viagem de redescobertas e reparação.Toda essa trajetória é descrita a partir de lembranças e diários de viagem, em uma narrativa envolvente com os episódios mais marcantes de uma vida singular. Como quem conta histórias em uma conversa íntima, familiar, Nora Rónai compartilha experiências e visões de mundo com a marca de sua personalidade altiva, finamente inteligente, espirituosa, fascinante.Hoje, aos 96 anos, Nora Rónai, que após os 60 anos voltou às piscinas como nadadora, continua a participar de campeonatos e é detentora dos recordes mundiais de sua categoria.“Dizem que a vida deve ser reexaminada de vez em quando. Eu não diria ‘reexaminada’, mas relembrada, certamente. Explico: cá estou eu com noventa anos e pico, relembrando a minha vida desde a infância e, de repente, me dou conta de que não sei direito qual destas pessoas sou eu de verdade: a Norinha neném, superfeliz? Ou serei a Nora criança apaixonada pelo professor do quarto ano primário, sem se dar conta disso? Ainda pode ser que eu seja a Nora lutando pela própria vida e pela sobrevivência de sua família durante a guerra e as perseguições nazistas. Talvez eu seja a Nora imigrante, recém-chegada à sua nova pátria, desta vez definitiva, reorganizando a sua vida para adequá-la às novas situações e considerações. Ou melhor, a Nora já bastante arraigada na nova terra, casada, cuidando do pai viúvo, do marido e das duas filhinhas. Quem sabe, na verdade, eu seja a Nora de 60 anos, viúva, sendo amparada pelas duas filhinhas, que agora já se aproxima da ‘melhor idade’, ‘feliz idade’, ‘terceira idade’, ou como queiram dizer as pessoas preconceituosas que têm medo da palavra velho?”